TERCEIRO CAPITULO - PELE DE CORDEIRO

06/02/2013 18:33

PELE DE CORDEIRO

Autor: Wanderson Mota

Obs.: Para melhor entrar no clima deste capítulo, crie uma lista em qualquer site de ouvir música online com as canções: Ilegais (Vanessa da Mata)  e Malandragem (Cássia Eller) que serão usadas neste capítulo. 

 

 

I CENA

Na manhã seguinte no Velho Sobrado...

Gustavo entra em casa sorridente. Tuta que passava café ouvindo True Love (SOJA) logo percebeu a alegria do rapaz.

TUTA: Que cara é essa? Vem cantando com os ‘pássaro’ malandro!

GUSTAVO: Tuta, meu velho amigo, tirei sorte grande! Estou saindo dessa casa.

TUTA: O que? Qualé rapaz, que papo é esse aí?

GUSTAVO: Só vim buscar umas roupas, coisa pouca, e documentos. Vou agora morar numa mansão que é o tamanho desses dois quarteirões juntos, piscina, quadra de vôlei, enfim... Tudo!

TUTA: Me explica isso aí direito cara!

GUSTAVO: Vou cuidar de uma velhinha caduca que quebrou a perna. E vou ganhar muito bem por isso.

TUTA: Aí por causa de velha caduca tu vai me abandonar aqui? Que é isso ‘pow’? Mudou muito hein, cadê o papo de ‘parceiragem’? Me conta aí qual é o golpe dessa vez. Porque com certeza tu deve tá planejando o bote!

GUSTAVO: Foi a vida que planejou! É hora de acertar o jogo com o passado e colocar as coisas no seu devido lugar. Já dizem por aí que não dá para voltar no passado e fazer um novo começo, mas é possível recomeçar agora e fazer um novo fim! É isso que vou fazer mano. Queria que o velho Aguinaldo tivesse vivo para ver.

TUTA: É coisa desse teu passado aí que ninguém pode saber né? Então vou deixar de mão... E o papo de sequestro que você falou ontem?

Gustavo enche a xícara de café e senta-se a mesa.

GUSTAVO: É o seguinte, estou planejando esse acerto com o passado, mas ontem uma fulaninha azeda quase coloca as coisas a perder. Vai ficar muito claro se eu der uma lição nela. Principalmente pro marido dela. O jeito é fazer ele pagar. Mas como te falei é só um susto. É só pegar ele e deixar uns três dias em qualquer lugar aí e pedir um resgate de quebra! Mas quero isso logo. Dois dias. Só dois dias para isso acontecer. É o tempo de recolher informação sobre a vida dele.

Alguém bate na porta. É Danila que logo entra trazendo um jornal debaixo do braço.

GUSTAVO: Danila? O que você faz aqui?

Danila joga o jornal sobre a mesa.

GUSTAVO: O que é isso?

DANILA: Leia. Aí diz que encontraram o corpo de Alcina Lisboa Garreto estrangulada dentro do carro na estrada de Santos. Você sabe quem é ela não é?

TUTA: Rapaz, é a Loira!

DANILA: Sim, a cliente mais fiel do Gustavo. Você saiu com ela nesse dia, não saiu? O que você tem haver com isso Gustavo?

II CENA

Casa de Lídia e Eriberto...

Lídia ainda deitada acessa a internet em seu tablet para ler as primeiras informações do dia. Eriberto entra no quarto...

ERIBERTO: Ah, a bela adormecida já acordou?

LÍDIA: Me poupe de suas ironias tão cedo Eriberto.

ERIBERTO: Ah, desculpas distinta senhora. Se tal moral de agora tivesse sido alarmada ontem a noite na casa de Ricardo, acho que evitaríamos essa conversa agora. Que foi que deu em você para falar com o rapaz daquela forma?

LÍDIA: Ué, eu apenas fiz perguntas! Não posso?

ERIBERTO: Não! Pelo menos não daquela forma. Suas perguntas beiraram afirmações Lídia. Você insinuou que aquele rapaz, sei lá, tivesse até provocado o acidente para se aproveitar da situação.

LÍDIA: Amor, tudo bem. Eu errei. Mas não quero falar sobre isso agora, por favor.

ERIBERTO: Humm...

LÍDIA: Me trás um café bem forte que eu estou com uma baita dor de cabeça!

ERIBERTO: Nem beber você sabe Lídia!

Eriberto sai do quarto sorrindo. Lídia então vê uma nota sobre o corpo encontrado na estrada de Santos na página da internet que estava acessando. Lendo detalhadamente, percebe que o trecho onde encontraram o carro citado na matéria, fica a três quilômetros do local do acidente de Patrícia.

LÍDIA: Muita coincidência para meu gosto.

Da página jornalística, ela “pulou” para um aplicativo de busca para encontrar um telefone de contato com o Segundo Distrito Policial de Santos. Assim que encontrou, logo registrou em sua agenda telefônica.

III CENA

Tuta saiu da cozinha a pedido de Danila, que agora estava frente a frente com Gustavo.

DANILA: Me diz que você não tem nada haver com isso Gustavo.

GUSTAVO: Aliás é a única coisa que posso dizer! Há muito tempo não saio com a Loira. E você sabe disso!

DANILA: Não, não sei Gustavo. Assim como não sei nada de você. Essa mulher todos os dias te procurava. Ela te ligava o dia inteiro, queria te encontrar toda hora... Você quer que eu pense o que?

GUSTAVO: Eu não quero que você pense nada. Como você pode pensar uma coisa dessas de mim?

DANILA: Cara você sumiu a dois dias. Tenho te ligado insistentemente e só cai nesse raio de caixa postal. Cadê seu celular?

GUSTAVO: Eu perdi.

DANILA: Ah e não poderia me avisar de alguma forma? E o que você tem feito que desapareceu?

GUSTAVO: Descolei um trampo novo aí.

DANILA: Que trampo é esse?

Gustavo segura a mão de Danila e apertando olha no fundo dos olhos dela.

GUSTAVO: Me escuta-me Danila, eu não posso falar para você agora. Não quero que nada dê errado. Só quero que confie em mim. Se tudo der certo eu vou tirar você daquele lugar nojento e te dar a vida que você sempre mereceu. Você confia em mim Danila?

DANILA: Eu quero confiar Gustavo. Mas ainda falta muita coisa.  

GUSTAVO: Vou desaparecer lá do ponto por uns dias entendeu? Não me procure. Deixa que no tempo certo eu procuro você.

Danila, levanta de súbito e visivelmente emburrada sai pela porta dizendo...

DANILA: Pra mim chega!

Tuta entra na cozinha.

TUTA: Ih moleque que foi isso aí?

GUSTAVO: Exagero dela...

TUTA: Mas também com esse papo sinistro aí até eu!...

IV CENA

A viatura da polícia chega no bar onde Danila e Gustavo fazem ponto. Lentamente o carro se aproxima do bar. Os policias descem da viatura e entrando aborda o dono do estabelecimento.

POLICIAL: Você é o dono do estabelecimento?

REGINALDO: Sim, sou eu. Mas gostaria de dizer que tenho toda papelada, alvará aqui certinho, não tem nada fora da lei aqui não viu!

POLICIAL: Se acalme. Apenas precisamos do seu depoimento. Acreditamos que você pode ajudar nas investigações sobre a morte de Alcina Lisboa Garreto. Pode nos acompanhar até a delegacia?

REGINALDO: Sim posso, mas eu não tenho nada haver com isso não. Nem sei quem é Alcina!

V CENA

Casa da Família Lemos...

Gustavo chega aos portões da grande mansão da família Lemos. Os dois seguranças de aproximam.

GUSTAVO: Sou Gustavo Ferreira eu vim para poder...

SEGURANÇA: Já sabemos quem é o senhor.

Rapidamente o portão automático abriu diante dele. Mas na cabeça de Gustavo não era só portão que se abria. Na verdade a maior oportunidade de sua vida. Estava ali ele atravessando pelos portões com sua humilde mochila nas costas e uma bolsa nos braços. Mal conseguia organizar os pensamentos. Se sentia o cara mais sortudo do mundo. Até que vieram as lembranças...

Gustavo era pequeno e naquele dia seu pai lhe vestiu com a melhor roupa. Penteou seus cabelos, lhe perfumou e de ônibus foram até uma casa, tão grande como aquela que ele via ali. Mas ao chegarem aos portões um homem de preto apareceu.

SEGURANÇA: Para onde pensam que vão?

PAI: Vim ver a dona da casa.

SEGURANÇA: Não fomos avisados que chegaria visitas aqui nesse horário.

PAI: Certamente não. Apenas desejo ver a dona da casa.

Naquele momento um carro se aproximou. Os portões se abriram, mas antes o carro parou. O vidro desceu lentamente e o homem no banco de passageiro olhou o pai de Gustavo de cima a baixo.

SEGURANÇA: Doutor Cézar, esse homem diz que deseja ver a dona da casa.

CÉZAR: Quem é você?

PAI: Aguinaldo Ferreira.

Aguinaldo estendeu a mão na expectativa que Cézar o cumprimentasse. Mas sua mão vagou estendida no ar. O vidro se fechou. O carro adentrou a propriedade.

SEGURANÇA: Lamento.

Em seguida, os portões se fecharam.

GUSTAVO: Nós não vamos entrar papai?

PAI: Não.

GUSTAVO: Ah, o senhor disse que eu iria ver meu irmão! O senhor prometeu.

Gustavo retornou de suas lembranças. A respeito daquele dia, ele só lembra que foi em São Paulo, nada mais. Agora atravessando os grandes jardins cumprimentava os funcionários da casa. Não havia quem o barrasse ou o impedisse de prosseguir. Pelo contrário, apenas sorrisos receptivos. Guiado da porta da casa até o seu mais novo aposento na mansão, Gustavo se deleitava no luxo do quarto. Patrícia então entra...

PATRÍCIA: Espero que tenha gostado. Foi o melhor que pudemos fazer.

GUSTAVO: Fizeram até demais.

PATRÍCIA: Mamãe está repousando.

GUSTAVO: Ela realmente estava precisando.

Patrícia senta na cama.

PATRÍCIA: Vai ser muito bom para mamãe ter alguém como você cuidando dela.

GUSTAVO: Ora, mas porque dona Patrícia.

PATRÍCIA: Você está preenchendo a figura de um filho que falta na vida dela.

GUSTAVO: Ah, o rapaz que morreu. O seu irmão não é?

PATRÍCIA: Sim. O nome dele era Eduardo. Desde que ele se foi que mamãe é uma tristeza só.

GUSTAVO: Faz muito tempo?

PATRÍCIA: Três anos. Mas ela sofre todo dia como se tivesse sido ontem. Na idade dela isso é muito difícil. Ainda mais com tantos problemas nessa casa.

GUSTAVO: Problemas! Até soa esquisito. As pessoas tem uma noção de que gente rica não tem problema porque tem dinheiro, não passa necessidade e no entanto a senhora está me confirmando o quanto muita gente está enganado.

PATRÍCIA: A verdade é que falta muito para nós. Tem horas que se eu pudesse largaria tudo isso.

GUSTAVO: Você... Me desculpe, a senhora não é feliz?

PATRÍCIA: Sim. De um modo diferente, mas sim.

GUSTAVO: Não entendi.

PATRÍCIA: Prefira continuar entendendo Gustavo. Mas enfim, só vim lhe dizer que se sinta em casa, tudo bem? Qualquer coisa basta me chamar ou qualquer um dos empregados.

Patrícia saiu do quarto. Gustavo ficou pensativo por longos minutos. Enfim resolveu tomar um bom banho.

Na sala... Lídia acaba de chegar.

LÍDIA: Bom dia família Lemos!

Guta que lustrava um móvel respondeu à guisa de bom dia...

GUTA: Família Lemos Ferreira agora né?

LÍDIA: Como disse?

GUTA: Não está sabendo da nova? O rapaz que salvou a dona Edna veio de mala e cuia para agorinha!

LÍDIA: Gustavo vai morar aqui?! Que história é esse Guta?

GUTA: Coisa da dona Edna. Ontem ela torceu o pé, foi parar no hospital e como o rapaz estuda enfermagem vai ficar aqui cuidando dela até ela se recuperar. Eu acho!

LÍDIA: Cadê a Patrícia? Isso é um absurdo!

GUTA: Está no escritório.

Lídia saiu pisando firme em direção ao escritório. Ao entrar na sala.

LÍDIA: Você e a titia devem ter enlouquecido!

PATRÍCIA: Do que você está falando Lídia?

LÍDIA: Trazer o rapaz que te salvou para morar aqui?

Música Sugerida: Ilegais – Vanessa da Mata

 VI CENA

Segundo Distrito Policial de Santos.

Reginaldo dono do bar está na sala do delegado Silveira. A conversa começa quando Silveira mostra a ele a foto de Alcina, mais conhecida como Loira.

SILVEIRA: Você já viu essa mulher em seu bar?

REGINALDO: Doutor, no meu estabelecimento passam centenas de pessoas o dia todo. Fica difícil lembrar do rosto, mas sei que essa feição é familiar. É possível que eu já tenha visto ela no bar, sei lá...

SILVEIRA: Olhe bem para a foto...

REGINALDO: Espera um pouco... Sim, eu já vi essa mulher. Mas essa foto não é tão atual!

SILVEIRA: Lembra de ter visto ela recentemente?

REGINALDO: Claro, lembro sim... Fazem uns quatro dias. Era por volta de duas horas da tarde e ela já estava um pouco embriagada, chegou no bar, pediu um uísque e saiu...

SILVEIRA: Tem alguma mais alguma informação, se estava acompanhada...?

REGINALDO: O que eu lembro é que...

Em flash Reginaldo recorda...

Após estacionar o carro Alcina entrou no bar. Pelo modo de falar percebia-se que já estava embriagada.

ALCINA: Oh senhor, eu quero uma garrafa do seu melhor uísque!

REGINALDO: Só um instante senhora.

ALCINA: Mas seja rápido que o meu tempo é precioso. Convenci um dos meninos da calçada a fazer hora extra!

Ela ri. Reginaldo atende a senhora conforme seu pedido.

REGINALDO: Pronto. Aqui está seu uísque.

ALCINA: Essa calçada aí da frente poderia ter serviço 24 horas. Pois na hora que mulheres como eu, carente, solitária, precisando de um amor delivery necessitasse era só correr aqui, não acha?

REGINALDO: É a senhora que está dizendo!

ALCINA: Fique com o troco.

Em seguida ela saiu.

Silveira escutou a narrativa de Reginaldo e atentou para o detalhe...

SILVEIRA: Consegui que um dos meninos da calçada fizesse hora extra? O que ela estava querendo dizer com isso?

REGINALDO: Os meninos da calçada são os garotos de programa que ficam na redondeza a noite! Mas não tenho nada haver com isso não!

SILVEIRA: Então ela estava acompanhada? O senhor viu alguém com ela?

REGINALDO: Não senhor. Mas ouvi a porta do carro batendo e em seguida o carro já saiu.

SILVEIRA: Muito rápido não?

REGINALDO: Certamente, alguém naquelas condições não daria partida no carro tão rápido. Havia alguém esperando ela no carro. Só não sei quem!

Pouco a pouco Silveira ia juntando peças de um jogo de quebra-cabeça para chegar ao assassino de Alcina na estrada de Santos. O depoimento de Reginaldo, embora muito vago, lhe serviu para fornecer preciosas informações. Seu próximo passo era sondar os garotos de programa que trabalham na região.

Enquanto isso na casa dos Lemos...

Lídia conversa com Patrícia no seu quarto...

PATRÍCIA: Eu não entendo! Porque tanta rejeição com o rapaz Lídia?

LÍDIA: Você não está entendendo. Apenas acho muito precoce você e a titia colocarem esse rapaz dentro de casa! Só isso!

PATRÍCIA: Tente olhar ele aqui não como um mero rapaz, mas sim um profissional para cuidar da mamãe que torceu o pé.

LÍDIA: Profissional não! Ele ainda é estudante!

PATRÍCIA: Mas já mostrou que tem capacidade!

LÍDIA: Onde ele está?

PATRÍCIA: No quarto de hóspedes.

Pouco sabiam elas duas, que no corredor, a dois passos do limiar da porta Gustavo escutava toda a conversa. Assim que ouviu Lídia dizer que iria vê-lo, logo saiu e entrando no seu quarto, correu para o banheiro. Ligou o chuveiro e começou a cantarolar.

Lídia entrou no quarto que estava com a porta semi aberta.

LÍDIA: Com licença! Vou entrando! Gustavo!

GUSTAVO: Oi! Estou no banho!

LÍDIA: Ah desculpa! Sou eu Lídia! Lembra? A mulher de Eriberto!

GUSTAVO: Sim, lembro, como não? Gostaria de ir cumprimenta-la, mas no momento estou todo ensaboado!

LÍDIA: Não se preocupe. Passo aqui para ver você em outro momento.

Lídia observava uns papéis sobre a cama. Logo viu a certidão de nascimento do rapaz. Observou se ele não viria pela porta e atentou para a filiação do rapaz. Em letras garrafais estava o nome AGUINALDO FERREIRA DA SILVA. Logo aquele nome lhe lembrou algo.

LÍDIA: Aguinaldo Ferreira?

Lídia saiu do quarto e no corredor encontrou Guta.

LÍDIA: Guta, como era mesmo o nome do remetente daquelas cartas que você achou nas coisas da titia?

GUTA: Arnaldo... Osvaldo...?

LÍDIA: Aguinaldo?

GUTA: Isso! Aguinaldo F.! Mas porque?

LÍDIA: Por nada! Só curiosidade. Me ocorreu assim de momento! Mas enfim, diz para Patrícia que depois passo aqui. Beijos até mais.

Gustavo sai do banheiro inflamado de raiva.

GUSTAVO: A brincadeira acabou. Ela já foi longe demais.

VII CENA

Escritório de Ricardo na Se de da Lemos Prado Construtora...

Na sala estão Ricardo e Eriberto após uma reunião...

ERIBERTO: Não estou gostando dessa sua cara Ricardo. E não é porque você é feio!

RICARDO: Brincadeiras agora não Eriberto.

ERIBERTO: Opa desculpa. Mas será que o bobo da corte aqui pode ao menos saber o que está se passando. Espera um pouco, vou tentar adivinhar... Gustavo, acertei?

RICARDO: Em cheio!

ERIBERTO: Pelo visto o clamor que sobe da terra ao céu contra esse rapaz ganha mais adeptos cada dia!

RICARDO: Como assim?

ERIBERTO: Lídia não vai com a cara do pobre rapaz também! Para mim, nem me sobre e nem me desce. Até simpatizei com o moço.

RICARDO: A questão não é essa. Ele é uma pessoa boa. Dá pra perceber. Mas Patrícia parece que dona Edna e Patrícia ficaram enfeitiçadas...

ERIBERTO: Ih, já sei o que é isso! É difícil não ser mais o único homem da casa né Ricardo?

RICARDO: Mais uma de suas ironias e eu vou deixar nas suas mãos a conclusão de todos esses relatórios aqui!

ERIBERTO: Já não está aqui quem falou!

VII CENA

Cai a noite em Santos.... Danila já está na calçada em frente ao bar do senhor Reginaldo. Naquela noite o ponto estava bastante movimentado. Até que se viu algo que há muito tempo não se vê por ali: uma viatura da polícia! Danila quando viu a viatura da polícia descendo a rua, sentiu um frio percorrer a espinha. O carro parou perto de uma de suas amigas, o vidro abriu e um dos policiais perguntou:

POLICIAL: Há muitos rapazes que fazem programas nesse local.

MULHER: Não muito. Mas os poucos que daqui fazem serviço bem feito! O que é, estão atrás de diversão?

POLICIAL: Não. Mas diga-me, os rapazes que fazem programa aqui são sempre os mesmo?

MULHER: Com certeza querido! Território aqui é coisa sagrada! Cada macaco no seu galho.

POLICIAL: Poderia nos acompanhar até a delegacia?

MULHER: E para que?

POLICIAL: Não se preocupe. Apenas algumas perguntas. Estamos atrás de um rapaz que faz programa aqui.

MULHER: Se me dissessem o nome ficaria mais fácil não?

POLICIAL: Aí é que está! Não sabemos. Mas estamos perto!

Quando Danila viu a mulher entrar no carro, sua respiração quase parou. E um mar de dúvidas invadiram sua mente.

Música sugerida: Malandragem – Cássia Eller

FIM